« Como estudante universitário na área das artes e da cultura, a tendência para me descair sobre este assunto nesta primeira participação directa no blog seria mais do que evidente, mas no entanto, apresento-a realmente inserida numa situação financeira extremamente difícil que nos toca a todos.
As artes e o investimento cultural, como aliás é continuamente reforçado por especialistas na área dos estudos de mercado e por alguns economistas - quer nacionais, quer internacionais - poderão, e podem na minha visão, vir a ter um papel importantíssimo naquilo a que se chama o inicio para o “desafogar da crise”.
Analisando em particular o caso daquele que é provavelmente o maior evento da área na nossa zona, o DOURO FILM HARVEST (www.dourofilmharvest.com), que decorreu no passado mês de Setembro é, para além da sua capacidade multicultural, um evento pioneiro e exemplificativo daquilo a que se pode chamar uma boa estratégia de investimento.
Um festival internacional de cinema co-organizado por 4 concelhos [Vila real, Lamego, Sabrosa e Freixo de Espada à Cinta), pertencentes a três distritos de Portugal (Vila Real, Viseu e Bragança).
Vejamos alguns exemplos de como um único evento consegue provocar a injecção de dinheiro em três distritos:
- Benefícios directos na rentabilidade turística não só em hotéis, mas também na restauração;
- Dinamização cultural, social e educacional nas populações residentes;
- Aumento da rentabilidade no comércio local, com o aumento da população gerada pelo festival (actores, cineastas, produtores, convidados, órgãos institucionais, público em geral, etc.);
- Aumento do tráfego de circulação em auto-estradas e EN’s na constante deslocação de um concelho para o outro;
- Dinamizador das marcas da região do Douro e dos respectivos vinhos que o caracterizam no mercado internacional;
- Reforço nas relações internacionais com acordos mútuos entre outros festivais internacionais, organizações institucionais, sponsors, mecenas, media, etc.;
- etc.
Como se pode ver, este é um exemplo vivo (e acreditem que estes são apenas alguns dos motivos) das iniciativas e das medidas que devem ser tomadas pelos órgãos de gestão das autarquias, principalmente as do interior de Portugal, como medida de captação de atenções e consequente motivo válido para a ficção dos jovens, numa luta contra a desertificação que de dia para dia tem tendência a aumentar e que nos afecta a todos directamente. »
«Os Investimentos e as Indústrias Culturais contra a desertificação», por Luís André Sá, in Olhamosemfrente.blogspot.com (publicado a 12 Novembro 2010)